quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mexico - De modo que o meu espirito ganhe um brilho definido


"De modo que o meu espírito ganhe um brilho definido, tempo, tempo, tempo, tempo..." - Caetano Veloso. 
Eu viajo para conhecer, a mais bela flor que desabrocha em mim. É tempo de amarelo. É a cor do momento, eu sinto essa cor, tudo que me agrada vem dela: o sol, a roupa, minha pele amarela, meu sorisso amarelo, e minha consciência de tom neutro, amarelo pastel.


Bem vindo, México. Bem vindo um ano próximo... bem vindo o dia de hoje, que com a luz do dia me permite ver as coisas que eu deixo por aqui. Sem perdas, sem ganhos. O sentimento estável de nem alegria, nem tristeza. É o que me pertence, o que cabe nas minhas mãos.

Tudo o que cabe em minhas mãos, cabe em mim. Posso trazer uma mala, uma pessoa, se assim elas vierem tocadas pelas minhas mãos. Se eu posso carregar, tem espaco.

Bem vindo dias de adaptação, dias de amor, dias de frio, dias de calor, dias de aceitação, dias de exaustão, dias felizes, dias pra se superar o dia. Dias de saudade seguidos de dias de sublimação da saudade, e encontro com as nuvens. A saudade eh boa quando ela deixa de existir, quando estamos em contato com as nuvens. Porque ali, é o encontro de tudo o que você sente falta, e faz sentido pra você, no abstrato tão real, que é poder estar perto do inatingível a olhos crus.

Me sinto poeta quando começo a me distrair, tentando puxar meus porquês para o papel. O porque eu sinto ansiedade. O porque eu quero ir, e o porque eu quero ficar. Eu quero ir, eu amo a idéia de ir. É movimento, soa quase como uma nota musical, ao invés de SI, IR. Toco essa nota, insistentemente, suprindo desejos e vontades de ser livre, de buscar a minha própria liberdade interior, o meu autoconhecimento,  o centro, o que me conduz, e o que me faz feliz.
O desejo de não  ir, é o medo. Eles são vários, nesse momento: medo de amar, medo de me apaixonar, medo de não conseguir amar, medo de não gostar da minha casa, medo de não saber o que fazer no trabalho, medo de ficar sozinha. Eu não pareço a mesma pessoas de 5 horas atrás. Estou insegura. Mas o meu medo, o mais profundo e o mais temido é: conseguir me desapegar do que eu tenho aqui, e viver somente o meu presente. Esse é o meu medo, o que me aflige. Eu gostaria de fazer isso... mas não consigo tomar essa decisão.  Talvez, me abandonar somente no que seja essencial, e tirar a barreira do aqui e do lá.

Eu  quero sentir falta das pessoas, sem criar o que elas estão vivendo, ou nossos laços de aproximação. Eu preciso viver reaprendendo a ser só. Eu sei que preciso aprender a ser só, a não depender, ninguém gosta de gente dependente.  Eu mesma, me incomodo muito quando vejo a dependência em meus olhos, e ela é afetiva. Onde faltou carinho, pra eu ser tão carente...Eu preciso aprender a ser só. A me bastar, a estar completa. Todas as pessoas da minha vida, me transbordam, desde que, eu consiga me completar. Quando estou completa, elas tem outro sentido de existência ao meu lado, e eu agradeço mais por elas existirem.

Para cultivar o sentimento de gratidão, é necessário estar completo. Todas as coisas do mundo fazem mais sentido. O amor é muito maior quando há gratidão, pois não  há dependência. Sem dependecia, a liberdade deixa ir e deixa voltar. A liberdade, é a segurança que buscamos na vida. Escondida atrás dos nossos próprios olhos, que eu fui e descobri, e da cor amarela as vi. Amarelos são, a força que me conduz a uma massa geral de amor. Onde ali, encontro todos os sentimentos a que busco, na paz de mim mesma, sozinha, no anoitecer.  

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