"De modo que o
meu espírito ganhe um brilho definido, tempo, tempo, tempo, tempo..." - Caetano Veloso.
Eu viajo
para conhecer, a mais bela flor que desabrocha em mim. É tempo de amarelo. É a
cor do momento, eu sinto essa cor, tudo que me agrada vem dela: o sol, a roupa,
minha pele amarela, meu sorisso amarelo, e minha consciência de tom neutro,
amarelo pastel.
Bem vindo,
México. Bem vindo um ano próximo... bem vindo o dia de hoje, que com a luz do
dia me permite ver as coisas que eu deixo por aqui. Sem perdas, sem ganhos. O
sentimento estável de nem alegria, nem tristeza. É o que me pertence, o que
cabe nas minhas mãos.
Tudo o que cabe
em minhas mãos, cabe em mim. Posso trazer uma mala, uma pessoa, se assim elas
vierem tocadas pelas minhas mãos. Se eu posso carregar, tem espaco.
Bem vindo dias
de adaptação, dias de amor, dias de frio, dias de calor, dias de aceitação,
dias de exaustão, dias felizes, dias pra se superar o dia. Dias de saudade
seguidos de dias de sublimação da saudade, e encontro com as nuvens. A saudade
eh boa quando ela deixa de existir, quando estamos em contato com as nuvens.
Porque ali, é o encontro de tudo o que você sente falta, e faz sentido pra
você, no abstrato tão real, que é poder estar perto do inatingível a olhos
crus.
Me sinto poeta
quando começo a me distrair, tentando puxar meus porquês para o papel. O porque
eu sinto ansiedade. O porque eu quero ir, e o porque eu quero ficar. Eu quero
ir, eu amo a idéia de ir. É movimento, soa quase como uma nota musical, ao
invés de SI, IR. Toco essa nota, insistentemente, suprindo desejos e vontades
de ser livre, de buscar a minha própria liberdade interior, o meu
autoconhecimento, o centro, o que me
conduz, e o que me faz feliz.
O desejo de não
ir, é o medo. Eles são vários, nesse momento: medo de amar, medo de me
apaixonar, medo de não conseguir amar, medo de não gostar da minha casa, medo
de não saber o que fazer no trabalho, medo de ficar sozinha. Eu não pareço a
mesma pessoas de 5 horas atrás. Estou insegura. Mas o meu medo, o mais profundo
e o mais temido é: conseguir me desapegar do que eu tenho aqui, e viver somente
o meu presente. Esse é o meu medo, o que me aflige. Eu gostaria de fazer
isso... mas não consigo tomar essa decisão. Talvez, me abandonar somente no que seja essencial, e tirar a barreira do aqui e do lá.
Eu quero sentir falta das pessoas, sem criar
o que elas estão vivendo, ou nossos laços de aproximação. Eu preciso viver
reaprendendo a ser só. Eu sei que preciso aprender a ser só, a não depender,
ninguém gosta de gente dependente. Eu
mesma, me incomodo muito quando vejo a dependência em meus olhos, e ela é
afetiva. Onde faltou carinho, pra eu ser tão carente...Eu preciso aprender a
ser só. A me bastar, a estar completa. Todas as pessoas da minha vida, me
transbordam, desde que, eu consiga me completar. Quando estou completa, elas
tem outro sentido de existência ao meu lado, e eu agradeço mais por elas
existirem.
Para cultivar o
sentimento de gratidão, é necessário estar completo. Todas as coisas do mundo fazem
mais sentido. O amor é muito maior quando há gratidão, pois não há dependência. Sem dependecia, a liberdade
deixa ir e deixa voltar. A liberdade, é a segurança que buscamos na vida.
Escondida atrás dos nossos próprios olhos, que eu fui e descobri, e da cor
amarela as vi. Amarelos são, a força que me conduz a uma massa geral de amor.
Onde ali, encontro todos os sentimentos a que busco, na paz de mim mesma,
sozinha, no anoitecer.
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