Eu
gosto de escrever, mas não para os muito amigos. Pois eu não gosto de escrever
defeitos. E infelizmente, nós humanos que andamos na fila indiana do mundo,
onde as pessoas carregam dois sacos e o da frente só tem virtudes, já o das
costas, os defeitos. Olhando para a frente, enxerga-se apenas nossas virtudes e
os defeitos alheios. Por isso gosto de escrever para pessoas que tem beleza.
Gosto assim, de escrever para quem eu me apaixono. E eu me apaixono por muita
coisa simples e tenho vontade de escrever para muita gente. As que sinto
necessidade de escrever defeitos, peço que nunca pegue um lápis para o dizer.
Acho que prefiro morrer sem nunca falar. Agora, as que eu tenho vontade...
ah... essas sim mereciam aguardar do lado de fora da porta a obra ficar pronta.
Pois essas são as coisas que me doem a felicidade de tão radiante. São as
pessoas que eu penso na rotina diária da vida, imagino elas com outras que eu
conheço que talvez uma mistura caísse muito bem. As que eu gostaria de viver apenas
uma situação especifica, as que com um sorriso me encantam tanto. As que eu
vivo uma situação passageira. Será que assim eu gosto de usar as pessoas por
tanto querer elas perto de mim? E assim, sem mais nem menos, abandoná-las na
doce ilusão que eu criei nelas próprias de viver o meu mundo de fantasia. Meu,
meu... egoísta esse meu, meu. Escrever é um ato de egoísmo, dependendo do ponto
de vista. Poderia estar ajudando alguém ao invés de ficar ai, matutando coisas
sem sentido. Já escrevi muitas cartas... já escrevi coisas que quis decorar, de
tao belas palavras colocadas, uma após a outra, numa sequencia delicada. Porque
as palavras não são escritas de sopetão, como são ditas... as palavras podem
ser pensadas, e mudadas de lugar. Por isso que prefiro escrever do que falar.
Eu escrevo melhor do que falo. Virtude. Eu gosto mais de pensar do que de agir.
Eu gosto mais de bastidores, prefiro não aparecer, esse é meu lado eu. Ou gosto
de aparecer, mas só se for para encenar o que as palavras dizem por trás do
palco da minha vida. Ai sim, eu apareço. Mas só em cima de algum palco, ou na
frente de algum microfone por trás de uma mascara azul. Não tenho futuro como
escritora, gosto muito de Clarisse Lispector, mas a vida me ensina a ler Peter
Drucker e eu me convenço de que gosto mais dele, porque ele é competente, bem
sucedido e isso me atrai. Mas Clarisse escreve sentimentos e emprega suas
palavras como a minha mãe faz ao calar as palavras e dizer tudo o que eu sinto.
Cala-se as palavras para dizer, acho que Clarisse é assim.
Agora, eu queria
mesmo era escrever para uma pessoa que me apaixonei recentemente. Dessa vez, é
um cara, que eu não gostaria de chamar de cara, acho que chamaria de delicada
flor não lapidada do meu mundo. É, esse é dos meus. Essa será uma carta que não
será escrita. Pois seria romântica demais, e as vezes as pessoas não entendem
que eu sou apaixonada por elas o tanto que elas deviam ser por elas mesmas.
Assim eu nunca entendo quando alguém se apaixona por mim, pois acho algo
normal. Defeito. Pois ando ao contrário na fila indiana do mundo...
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