quarta-feira, 11 de abril de 2012

Perú e Bolivia - A pobreza desse país tem nome.

A pobreza deste país se tem nome, respira, sorri e pede esmola, usa cerca de 10 saias, uma por cima da outra até que chegue na de cima, carrega uma criança nas costas por meio de um pano colorido, anda com sandálias negras de solado de borracha e nas mãos leva sacolas de tecido com suas coisas. Num país onde dependendo da região se pode fazer frio ou calor, não tem acesso a energia elétrica e água encanada. Tomam seus banhos frios quando os tomam, tem peles castigadas pela combinação altitude mais vento e sol de montanha, são excluídos da globalização, da internet, dos estudos e do convívio com outras pessoas e talvez a língua castelhana. 






Vivem em povoados afastados das cidades, que são incontáveis. Um país não favorecido geograficamente ao acesso fácil a esses povos, por um lado a Cordilheira dos Andes castiga o seu povo, pois as distâncias nunca serão curtas para passar entre montanhas e curvas, deslizamentos de terra e pouca ajuda governamental para reparos. Uma cidade pode ficar 2 ou 3 dias isolada por um deslizamento antes que alguém tome uma providencia, isso significa falta de acesso ou pessoas morrendo de fome ou de alguma doença nos povoados distantes.  As estradas são poucas e muitas a metade é de terra, e o transporte é dificultado pela informalidade e inseguridade. Você ouve de tudo, mas não vê presença de governo, e de nenhuma assistente social. O negócio da esmola aqui, é muito sério e real, as pessoas com mais idade, pedem esmola como meio de sobrevivência e falta de recurso. A música “essa cota miserável da avareza, se o país não for pra cada um, pode estar certo não vai ser pra nenhum”. Existem duas opções em morar num país desigual: ou fazer algo pra ajudar, ou mudar de país. É inaceitável alguns comerem num restaurante e outros comerem o lixo do restaurante. O povo peruano mesmo, dá pouca importância as pessoas em condições de desigualdade. Um povo que segundo o escritor José Maria Arguedas quanto mais pobre, mais cerimonioso é o peruano e descreve o Perú como um país antigo, cheio de ritos e cerimônias e descrente de suas próprias diretrizes. Assim, é difícil, mesmo que se queira, ajudar um peruano, porque ele desconfia, não aceita e prefere estar no seu estado inicial. Já dizia Mario Vargas Llosa que é um povo ressentido e de morais inquebrantáveis. Hoje, já sei que por mais idosa, jovem, e independente de qualquer assunto que esteja em pauta, a pergunta se eu sou casada, onde está meu namorado, e com quem eu viajo, vai ser sempre uma dos primeiros questionamentos que eu vou sofrer, e a conversa será mais ou menos resistente de acordo com a minha resposta.
Voltando a um ponto anterior, é um pouco inaceitável para mim, o porquê essas populações tão pequenas vivem afastadas na extrema linha da pobreza sem nenhum tipo de assistência governamental. As ONGs também estão mais preocupadas em fazer aparecer seu trabalho e as que se preocupam com essas pessoas, nunca serão suficientes para atender a todos.
Conheci mais de uma pessoa com idéias maravilhosas para distribuir a renda em dólares dos turistas aos povos mais afastados, há os chamados turismos conscientes. Consiste em uma ONG (normalmente) leva os turistas num passeio a povoados visinhos e pobres e te cobra 20 soles (o que é bem barato) por isso. Na comunidade acerca de Cusco você pode dormir com a família uma noite e observar sua vida. Não existe nada melhor que isso para saber como vive um campesino. No final, você não paga nada pro guia, mas há que levar para a família coisas que ela necessita como: produtos de higiene, produtos industrializados como óleo, farinha, macarrão, frutas e legumes e é claro que diante de toda a situação, você acabaria deixando até a roupa do corpo aí. A questão é, isso é bom até um certo ponto, é imediatista. Sou contra coisas imediatistas e de assistencialismo, por serem pouco sustentáveis. Já tive a idéia de criar uma rota de turismo, onde as pessoas por conta própria iriam até os povoados, e tudo fosse uma grande cooperativa de artesanatos, roupas, e outras artes feitas pelos campesinos (...) (idéias).

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