quarta-feira, 11 de abril de 2012

Morar fora do País


Não tem sentimento melhor que ese de estar em uma rede internacional. Eu digo e repito, sou apaixonada pelas pessoas que estão na Aiesec e tudo o que envolve estar em outros países. Agora vivendo no Perú, eu escuto uma música desse país e me sinto com propriedade da música, sei dançar e cantar as músicas que tocam na rádio, e todos os dias que entro em um carro que me leva até o centro da cidade, quero escutar as noticias e posso compreenderlas e ver a reação das pessoas dentro do carro, dependendo do que é. Estou almoçando e vendo um noticiário de artistas, e vejo as pessoas comentando: nossa, você viu que feio isso, ou eu quero ir nesse show que está anunciando. 



Sei o que passa na cabeça dos peruanos, e digo isso porque observo a reação deles entre muitas coisas que se passam no dia a dia. Ouvir uma música em Quechua e dizer, meu, olha isso... esses falam duas línguas, e tem pessoas que só entendem essa, e o espanhol é algo desconhecido. Vou engraxar a minha bota sempre com um senhor que fica na porta do mercado municipal, e ele insiste em conversar comigo em Quechua e eu vou lá só por isso... não entendo absolutamente nada e a nossa comunicação é quase nula, mas trocamos um sorriso, e um gracias no final, e pra ajudar ele tem uma seria deficiência auditiva. Mas me encanta a possibilidade de estar ali e ver ele conversar em Quechua com os seus ‘amigos’ que chegam e começam uma conversação. Os jornais escritos em espanhol que reclamam das pessoas que trabalham para o governo e não falam Quechua ou seja, não podem se comunicar com a população pobre dos povos que vivem no campo. Muitas pessoas vivem acerca da cidade, em pequenos povoados sem luz e vivem de uma plantação de subsistência, e quando necessitam comprar algo que não podem produzir, vão vender seus ramos de hortelã, ou ovo com batata na porta das universidades. Todos compram seus produtos, não por caridade, e sim porque eles apreciam seus produtos, e estão acostumados a ter essas coisas em sua alimentação diária. Dificilmente se vê uma criança com uma coca-cola na mão, eu nunca vi, mas raramente deve existir, eles tomam os sucos vendidos em baldes grandes, pelas mulheres que carregam seus filhos nas costas, dentro de uma manta. Se andam, estão soltos na rua, andando livres pelas calçadas e a mãe está ali vendendo seus produtos feitos por ela mesma. Se você se aproxima, eles correm pro lado da mãe... mas nunca te dizem uma palavra. As músicas e os concertos falam os nomes das cidades como Ayacucho, Trijullo, Arequipa, Urubamba, e tenho orgulho de dizer que eu conheço as cidades das músicas, dos jornais e posso pronunciar com tranqüilidade Ollyantaytambo. É muito inspirador quando as senhoras na rua, ficam lisonjeadas com um carinho ou cumprimento e te chamam de: ninita linda, cariño, e te dão um presente porque é seu aniversário. A pessoa não tem nada, e te dá um presente! Isso passou com a minha mãe, numa venda de artesanatos quando disse que era seu aniversário, a senhora pediu para que ela escolhesse um presente! O mundo gira, e as coisas que a gente faz pra ele, voltam pra nós. Essa senhora tem muito o que ter do mundo! E juro, não excluo minha participação ativa em dar e receber do mundo. Por isso, eu agradeço tanto as pessoas que estão ao meu lado, porque eu as valorizo como um presente, e sempre avalio minha reação com todos, para que possa ser um ser humano melhor a cada dia. A AIESEC é uma organização incrível e como eu amo ser parte de um grupo de pessoas que dão sempre o seu melhor em qualquer atitude que tem. Hoje, voltando de uma agradável noite de trabalho, e finalização de um processo de seleção, que tenho uma consciência tranqüila por um trabalho bem feito, crescimento pessoal e espiritual feitos por mim mesma na ajuda de pessoas tão competentes ao meu lado. Nunca me senti sozinha aqui, por mais que tenha estado longas horas só, é um preechimento sem tamanho e sem explicação.

Texto escrito em Fevereiro de 2011 por mim. 

Um comentário:

  1. Oi Ema

    Encontrei seu blog numa busca sobre morar no Peru e seu texto é realmente inspirador.
    Não consegui saber onde vc está no momento pq ainda nem li tudo o q vc escreveu, mas gostaria de trocar mais ideias contigo..
    Um beijo

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