segunda-feira, 7 de novembro de 2011

San Pedro de Atacama

Foi uma rápida passagem... o passeio de Uyuni acabou na fronteira da Bolivia e Chile e seguimos com um ônibus da companhia para San Pedro. Poderia voltar a Uyuni, porém, com estradas bloqueadas na Bolivia, o jeito mesmo foi ir para o Chile. A cidade é bem bonita e turística, tudo é feito para turistas, o atendimento foi excelente em todos os lugares que fui... Comi em um restaurante um macarrão vegetariano excelente, com abobrinha, tomate, repolho de todas as cores, e vários outros legumes com um tempero diferenciado. Diferenciado até no preço! Ui... fui em um banco, um restaurante e em uma casa de Cambio... típicos lugares que os turistas vão e fui muito bem atendida. Mas meu destino não é o Chile, ainda mais, porque é tudo muuuuuito caro (calma, nem é tão caro assim, mas eu to vindo da Bolívia certo...). Como viajar sem imprevistos não tem graça, eis que, mais um me pegou dessa vez: fui a um a agencia de passagens para comprar o ônibus a Arica, norte do Chile, e recebo a noticia de que o Chile também tem o feriado do dia 1 de novembro, e que é um feriado onde todas as pessoas resolvem viajar no mesmo final de semana, e só tinha passagens para sair de San Pedro na segunda feira... ok. Quem me conhece sabe como eu reajo a uma situação de um não quando eu quero alguma coisa: eu simplesmente vou  usar de todos os meios para fazer ela acontecer (principalmente os meios da famosa conversinha de pé de orelha, na simpatia), pois no mínimo, precisava tentar sair de San Pedro. Busquei alguns Hostels mas já sabia que não tinha mais nenhum disponível, somente hotéis mais caros, e diga-se de passagem, muito caros. Não tinha onde dormir, nem passagem para ir embora. Fiquei sentada na porta da agência de ônibus por uns bons minutos, pensando no que ia fazer, quando surge na minha frente, um senhor vestido com o uniforme de uma empresa de ônibus e logo perguntei se ele não sabia de uma empresa que poderia levar para alguma cidade mais próxima a Arica: Equique, Antofagassa... e ele disse assim: esse ônibus sai daqui meia hora, e tem lugar... nem pensei duas vezes, chamei as duas mineiras que estavam comigo no passeio anterior e embarcamos. Claro que não pagamos as passagens na agência, mas fomos meio clandestinas, mudando de poltrona e por vezes junto com o motorista. Chegamos em Antofagassa, e o mesmo homem que tinha nos ajudado a chegar, disse nos que havia ligado para uma empresa de ônibus e reservado 3 passagens de Antofagassa à Arica. Só explicando melhor a situação, não havia ônibus para Arica saindo de nenhuma cidade vizinha: Calama, Antofagassa, nem pra Equique e o cara disse que tinha cosneguido reservar 3 para nós... é claro que isso não aconteceu, era mentira.



O terminal rodoviário de Antofagassa tinha tanta gente, que parecia a torcida do Corinthians saindo do estádio de futebol. Fui a todas as companhias de ônibus fazendo a mesma pergunta e obtendo a mesma resposta. Até que, cheguei em um guichê que dizia: Passagens para Arica e Equique esgotadas, favor não insistir. Parei em frente do guichê para ler o papel, e já disse a mulher que nem ia perguntar se havia passagens para Arica, diante do aviso. EIS que ela diz: tenho uma para Arica de uma desistência! Ahhhhhhhhh.... o céu se abriu e um feixe de luz branca caiu sobre mim aquele momento... porém não foi de todo resolvido, afinal as meninas também precisavam ir a Arica, e daí pedimos se elas não poderiam ir com o motorista, na frente do ônibus... e no fim, fomos as 3 para Arica, 10 horas de viagem, no mesmo dia, o dia onde era impossível de se chegar a Arica!!!!!! Sentei do lado de uma mulher que me parecia um pouco apreensiva com minha presença. Primeiro porque havia me mudado de lugar para me sentar ao lado dela, e ela percebeu que havia algo errado com nossas passagens. Também estava muito suja, meu tênis sujo, blusa suja e fazia 2 dias que não tomava banho! É! Mochilar é isso! Mas aos poucos fui introduzindo ela ao contexto e no final, ela me deu um roteiro completo de visita à Arica, me contou a historia dos vulcões que eu tinha visitado na divisa do Chile com a Bolivia, toda a historia política de brigas entre Chile e Bolivia x passagem para o oceano pacifico x negação da exportação de gás. Me disse que a região do centro do norte do Chile é a mais cara, porque não se produz nada aqui, então é tudo importado de outras regiões do pais. Também que no sul só neva e é o ponto preferido de turistas brasileiros. Que o Chile aproveita muito do seu potencial exploratório do Litium que tem no deserto do Atacama, e que há mais de 12 km de extração de Litium no deserto, e que o governo apóia a entrada de tecnologias estrangeiras para fazer essa extração. Enfim, ela me deu uma aula no final! E eu acabei desenhando para ela o mapa do Brasil e tirando suas dúvidas e matado sua curiosidade sobre se havia ou não havia índios no Brasil. 

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